aparigraha

Aparigraha – não possessividade

Aparigraha é o quinto e último yama. Costuma ser definido como não-possessividade ou desapego. No sânscrito parigraha significa agarrar por todos os lados e a é um prefixo que significa não. Então aparigraha traduz-se como “não possuir ou não acumular mais do que o necessário”.

Quando pensamos em posse, provavelmente a primeira coisa que nos vem à ideia é a posse material. Mas, aparigraha vai muito além disso. Não adianta desapegar do lado material da vida se a nossa mente fica presa. A mente está constantemente a manipular a realidade para poder obter segurança, a construção de imagens concretas de como as coisas são e como os outros são, são formas de gerar confiança e segurança. Construímos imagens, conceitos e paradigmas que alimentam o nosso senso de certeza, e em seguida defendemos ferozmente as nossas certezas e submetemo-nos a situações que reforçam as nossas certezas.

Por exemplo, nestes tempos de pandemia muitos agarram-se à ideia de que era tudo uma grande conspiração, ou um exagero dos media. Para estas pessoas foi difícil aceitar o “novo normal”, aceitar a mudança. Para quem aceitou a mudança, foi certamente mais fácil sobreviver a estes dias.

A filosofia do Yoga diz-nos que a solidez é uma criação da mente e que nunca houve nada permanente nas nossas vidas. A vida seria muito mais fácil e substancialmente menos dolorosa se vivêssemos com o conhecimento da impermanência como a única constante. A vida muda, e isso exige que nos adaptemos e mudemos com ela. A resistência à mudança, e a persistência em nos agarrarmos a ideias, coisas e pessoas, causa grande sofrimento e impede-nos de crescer e viver a vida de uma forma mais agradável

A prática de aparigraha também pede que olhemos para a forma como usamos as coisas para reforçar nosso senso de identidade. O ego adora acreditar no seu próprio poder, mas, infelizmente, requer um séquito de soldados que são os objetos externos, tais como roupas, carro, casa, trabalho, dinheiro, para manter essa ilusão. E porque este ego é apenas uma ilusão criada pelo nosso sentido de separação, requer estratégias cada vez maiores e mais elaboradas para se manter vivo. Entretanto é importante perceber que cultivar aparigraha não tem a ver com fazer voto de pobreza ou abandonar tudo. É muito mais não deixar que as coisas nos possuam, do que não possuir.

No que toca à prática de Yoga, devemos desapegar-nos do resultado, não buscar performance e não querer ser melhor que o colega do lado.

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