Tapas é um termo sânscrito, que deriva da raiz tap, que significa fogo, calor, ardor. Tapas é o esforço sobre si mesmo, o uso disciplinado da nossa energia. A ideia de calor, ardor, luz que está na raiz da palavra remete-nos para a ideia de motivação ou força interior para realizar qualquer ação.
Tapas é aquela energia ardente que nos leva para à frente, que nos permite realizar até as tarefas mais chatas ou desagradáveis com convicção. Tapas é como um raio lazer focado num ponto, mantém-nos no caminho certo para que não desperdicemos energia em assuntos supérfluos ou triviais. Quando este niyama está bem desenvolvido em nós, também o estão os processos de transformação e metamorfose.
Praticar Tapas é ser capaz de fazer escolhas que nutrem o nosso bem-estar, e proporcionam oportunidades de crescimento. Praticar Tapas é ser mais forte que as próprias fraquezas. Podemos praticar Tapas quando nos esforçamos para sair da cama pela manhã, ou quando resistimos a pegar no telemóvel para evitar o livro que temos de ler ou até quando nos impedimos de estender a mão para ir buscar uma terceira fatia de bolo.
A analogia com o fogo é perfeita para este niyama. Quando temos um conjunto de brasas, se as soubermos alimentar, elas tendem a gerar cada vez mais calor com menos esforço da nossa parte. Pelo contrário, quando deixamos que o fogo se extinga completamente, pode ser necessário um grande esforço para o voltar a acender. Quando colocamos pequenos esforços no nosso dia a dia, é mais fácil manter viva a energia de tapas. Por exemplo, fazer a cama todas as manhãs, pode parecer um esforço insignificante, mas motiva-nos para tudo o resto que temos de fazer ao longo do dia.
Quando começamos a trazer este esforço sobre nós para o nosso dia a dia, não estamos a disciplinar o nosso lado “mau” ou “preguiçoso”, estamos sim a evitar qualquer forma de fuga da realidade. As nossas táticas para evitar a realidade, podem até satisfazer-nos temporariamente, mas a longo prazo trazem sofrimento e infelicidade. Quando agarramos no telemóvel para fugir ao trabalho que temos na frente, podemos ter uns minutos de satisfação, mas a longo prazo causamos dano a nós próprios.
Praticar o esforço sobre nós mesmos é ter respeito suficiente por si para fazer escolhas que realmente nutrem o nosso bem estar e que proporcionam oportunidades de crescimento. Longe de ser um punição ou uma disciplina fundamentalista, tapas permite-nos direcionar a nossa energia para uma vida plena de significado.
Na prática de Yoga o esforço que aplicamos sobre nós mesmos, deve ser um esforço consciente, um esforço que está ciente das limitações do nosso próprio corpo e não o força demasiado ao ponto de o conduzir à lesão. Além disso, como nenhuma técnica é meramente física, essa aplicação do esforço é também exercida sobre a mente e as emoções, reeducando-as em contínuo. Manter a prática regular é o esforço mais importante, pois permite-nos aprofundar ainda mais o conhecimento de nós próprios e também de todos os aspetos do Yoga. Praticar Tapas não é obrigar-se a fazer alguma coisa, mas sim criar a energia que te vai levar a algum lugar.
