Autoconhecimento, porquê e para quê?
Certa vez, numa rede social, alguém me perguntou qual a razão do meu interesse pelo Yoga, ao que eu respondi “autoconhecimento é o que eu busco no Yoga”. Do outro lado veio uma resposta rápida e incisiva “eu conheço-me, não preciso buscar autoconhecimento”.
Será que é verdade, será que nos conhecemos? Será que temos noção do impacto que o autoconhecimento pode ter na nossa vida? O autoconhecimento não é uma moda. Vem da Grécia antiga a famosa frase “conhece-te a ti mesmo”, que se tornou um dos mais famosos aforismos da história.
O autoconhecimento é uma das habilidades mais importantes para o sucesso de uma pessoa, tanto no aspeto pessoal, como profissional. É através do autoconhecimento que identificamos padrões de pensamento e hábitos pessoais, a partir dos quais vamos tentar melhorar as nossas respostas comportamentais e tomadas de decisão.
Já deste por ti a questionar por que fizeste uma determinada escolha, tomaste determinada decisão, compraste determinado produto ou até por que te inscreveste em determinado curso? Já deste por ti a dizer “esta escolha foi tão equivocada”, “esta compra foi uma asneira”, “não sei onde tinha a cabeça quando fiz isto”, “nem sei porque me inscrevi neste curso”?
Quando não nos conhecemos as nossas escolhas são baseadas no que os outros fazem, e no que os outros querem. E a partir daí surgem as escolhas equivocadas, as más decisões. No mundo digital de hoje isso é imensamente estimulado pelas redes sociais. Quantas vezes já deste por ti a querer determinado produto, só porque toda a gente que tu segues está a falar daquilo? Quantas vezes já te inscreveste num curso online, só porque estava todos os dias a aparecer no teu feed? Quantas vezes foste seguir um determinado influencer só porque tem alguns milhares de seguidores e está toda a gente lá?
As modas da internet refletem muito estes comportamentos baseados nas escolhas dos outros. Lembro-me de há uns tempos atrás estar na moda o macramé. Via dezenas de fotos de artigos decorativos em macramé a passar no meu feed. Depois disso comecei a ver imensa gente a comprar o material, e a começar a fazer alguns trabalhos. É claro que a maioria desistiu passado pouco tempo, e arrumou tudo na gaveta, passando à próxima moda. Este exemplo do macramé é inofensivo, mas existem outros que não o são. Pessoas que decidem ser nómadas digitais só porque viram alguém a fazê-lo, pessoas que decidem emagrecer e ser fit como a influencer que vêm no feed, etc.. Enfim, um sem número de escolhas que depois geram problemas, insatisfação, e a pergunta “onde é que eu estava com a cabeça?”.
Quando nos conhecemos as nossas escolhas são baseadas nas nossas crenças, nos nossos valores, nas nossas habilidades, nas nossas fraquezas, nos nossos limites, nas nossas circunstâncias, nos nossos objetivos. Quando temos autoconhecimento sabemos estar nas redes socias sem nos deixarmos levar por elas. Podemos até ver o casal nómada digital que vendeu tudo e foi correr o mundo, e achar o máximo, mas conhecemo-nos o suficiente para saber que não gostamos de instabilidade, que aquele tipo de vida não é para nós.
Esta semana sugiro que penses nisto: Até que ponto as tuas escolhas são mesmo tuas, baseadas nos teus valores?